Mesa-redonda aborda a educação inclusiva, a escola e o professor neste processo
A Inclusão pressupõe que todos tenham equiparação de condições e oportunidades no acesso ao conhecimento. Não existindo, portanto, “alunos da inclusão”, na medida que a educação inclusiva prevê a igualdade de direitos, em todos os níveis de ensino.
Essa foi a ênfase dada pela pesquisadora do Centro Nacional de Referência em Tecnologias Assistivas (CNRTA), Fabiana Gouvêa Bonilha, durante sua fala na mesa-redonda - “Educação Inclusiva – Quem faz acontecer?” - realizada nessa quarta-feira (3/10), em uma iniciativa do Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (Napne), do Câmpus Campinas do Instituto Federal de São Paulo (IFSP) e do Centro Nacional de Referência em Tecnologias Assistivas (CNRTA) vinculado ao Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI).
Além da Fabiana Bonilha, a mesa-redonda contou com a participação da pesquisadora Sonelise Cizoto, também do CNRTA, e Fernanda Maekava – pedagoga do IFSP Câmpus Jundiaí. A mesa-redonda contou com a mediação da servidora Geilda Fonseca de Souza, intérprete de Libras no Câmpus Campinas.
Igualdade de direitos
Especificamente nesta mesa-redonda, Fabiana Bonilha compartilhou mais do que a sua experiência como mestre e doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Música do Instituto de Artes da Unicamp, tendo como tema principal de seus estudos a educação inclusiva e o ensino, e foi além da experiência como pesquisadora do CTI e em projetos de tecnologia assistiva no CNRTA. Ela compartilhou sua vivência e os desafios que enfrentou durante toda a sua formação, como deficiente visual e, sobretudo, como defensora de uma educação inclusiva para todos.
Em sua fala, destacou que os alunos com deficiência não precisam de atenção especial, mas sim, de atenção de acordo com suas necessidades específicas. Também destacou que não existe uma recomendação genérica para cada tipo de deficiência, sendo cada aluno diferente e singular em suas necessidades. Ao professor, Fabiana Bonilha recomendou que reconheça as diferenças existentes e que busque fornecer as condições iguais de acesso ao conhecimento para todos, se atualizando sobre recursos de tecnologia assistiva e, em especial, sobre a necessidade específica de cada aluno.
Respeito à individualidade
Atualmente pesquisadora na CNRTA, Sonelise Cizoto compartilhou a experiência como professora do ensino fundamental à pós-graduação, além de ser autora de três coleções de livros didáticos. Para ampliar o debate sobre a educação inclusiva, ela trouxe o conceito de Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA), que é um modelo prático que visa ampliar as oportunidades de desenvolvimento por meio de planejamento pedagógico contínuo, reduzindo barreiras e respeitando as diferenças de cada aluno.
Em sua avaliação, o DUA exige uma mudança estrutural e cultural da escola, permeando os quatro componentes do currículo: objetivos, avaliação, métodos e materiais. Dessa forma, o conceito seria ainda mais abrangente do que apenas educação inclusiva – envolve mais do que a construção de uma escola para todos, mas uma escola com todos. “Concretiza, assim, o ideal de respeito à individualidade de cada aluno no processo ensino-aprendizagem, garantindo não só o acesso à escola como também a qualidade do ensino”, destacou Sonelize.
A mesa-redonda também contou com a apresentação da pedagoga Fernanda Silva Maekava, servidora no IFSP Jundiaí. Mestre em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem e agora doutoranda em Educação Especial, ela compartilhou alguns resultados da pesquisa que está desenvolvendo: “Alunos com deficiência nos cursos técnicos integrados ao ensino médio: contexto escolar, dificuldades de aprendizagem e expectativas de trabalho”.
Em sua fala, Fernanda Maekava apontou os desafios da escola e do processo ensino-aprendizagem, lembrando que ainda hoje os alunos estão sujeitos a modelos que valorizam a mera reprodução. A pesquisadora também questionou a divisão do currículo em disciplinas, o que corrobora para fragmentar os saberes.
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