Projeto apoiado pela Fundação Gates propõe tecnologias para saúde neonatal
Para enfrentar o desafio da redução da mortalidade neonatal no Brasil, uma equipe de pesquisadores das áreas de ciências da computação, demografia e saúde pública de três instituições – Instituto Federal de São Paulo – Câmpus Campinas, Universidade de Campinas (Unicamp) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) deram início a um projeto que tem como foco a atenção à gestante e à saúde do recém-nascido. O objetivo é o desenvolvimento de uma plataforma de apoio à decisão, baseada em técnicas de visualização de informações e aprendizado de máquina, que subsidie a tomada de decisões para a criação de políticas públicas voltadas à saúde gestacional.
O projeto é coordenado pelos professores Tiago Carvalho e Carlos Eduardo Beluzzo, do IFSP Campinas, junto a professora Luciana Alves, do Núcleo de Estudos de População (NEPO/Unicamp). O projeto foi selecionado na Chamada “Grand Challenges Explorations Brazil – 2018” e recebe apoio financeiro da Fundação Bill & Melinda Gates, CNPq, Ministério da Saúde e Fapesp, com valor de 200 mil reais para bolsas e custeio. O lançamento oficial foi realizado no dia 14/12, em Brasília, durante a cerimônia de marco zero dos 14 projetos aprovados na referida chamada.
A proposta desta inovação está em possibilitar aos usuários, com pouco conhecimento em programação, visualizar, de maneira intuitiva, informações de estudos observacionais sobre a incidência de determinada doença ou fenômeno relacionado à saúde de uma população previamente definida. Desta forma, um pediatra poderia fazer uma análise mais assertiva entre dados do paciente e informações da população, visando a uma melhor tomada de decisão.
A plataforma usará o banco do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs), especificamente da plataforma de estudos e avaliações “Coorte de 100 milhões de brasileiros”. A proposta inclui a visualização de dados para apoio à decisão, predição de riscos de morte neonatal baseado em modelos de Aprendizado de Máquina e simulação de impacto de políticas públicas influenciadoras no risco de morte neonatal.
A pesquisa é motivada pelo fato de que o período neonatal representa o momento mais vulnerável para a sobrevivência de uma criança e são fortemente influenciados por condições de vida da população e da atenção à saúde. A mortalidade nesse período reflete a complexa conjunção de fatores biológicos, socioeconômicos e assistenciais. Segundo dados apresentados pelos pesquisadores envolvidos no projeto, cerca de 46% das mortes no mundo acontecem entre os menores de cinco anos.
As principais causas de óbitos neonatais são a má formação congênita, a asfixia durante o trabalho de parto e infecções perinatais; ou seja, em sua maioria mortes preveníveis por ação dos serviços de saúde. No Brasil, entre 1999 e 2013, apesar de o número de óbitos infantis ter diminuído, 70% deles ocorreram por causas evitáveis, sendo que entre as principais causas, aquelas relacionadas à adequada atenção à gestação e ao parto apresentaram crescimento de cerca de 33%.
De acordo com Tiago Carvalho, a mortalidade neonatal é um fenômeno complexo, que envolve interações de diversas características e que necessita de um grande volume de dados para o seu total entendimento. “Nesse sentido, o objetivo deste projeto é desenvolver uma plataforma usando arquitetura SaaS (Software como Serviço) em um ambiente de computação na nuvem, que forneça serviços para apoio a decisão em ações preventivas de morte neonatal”, reforçou.
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